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terça-feira, 30 de março de 2010

A última noite



Maracanã, enfeita de bandeiras tuas arquibancadas que hoje é dia de festa no futebol. Encomenda um céu repleto de estrelas. Convida a lua (de preferência, a lua cheia). Veste roupa de domingo nos teus gandulas. Põe pilha nova no radinho do geraldino. E, por favor, não esquece de regar a grama (de preferência, com água-de-cheiro).
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Avisa à multidão que ninguém pode faltar. É despedida do Zico e estou sabendo, de fonte limpa, que, hoje à noite, ele vai repartir conosco a bela coleção de gols que fez nos seus vinte anos de Maracanã. Eu até já escolhi o meu: quero aquela obra-prima, o segundo gol do Brasil contra o Paraguai nas Eliminatórias do Mundial de 1986. Lembro-me como se fosse hoje. Zico recebe de Leandro um passe de meia distância já na linha média dos paraguaios. Um efeito imprevisto retarda a bola uma fração de segundo. Zico vai passar batido - pensei. Pois sim. Sem a mais leve hesitação, sem sequer baixar os olhos, ele cata a bola lá atrás com o peito do pé, dá dois passos e, na mesma cadência, acerta o canto esquerdo do goleiro paraguaio.
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Passei uma semana vendo e revendo no teipe aquele instante mágico de um corpo em harmonioso movimento com o tempo e com o espaço. E a bola, coladinha no pé, parecia amarrada no cadarço da chuteira.
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Um gol de enciclopédia.
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Se o amável leitor aceita uma sugestão, dou-lhe esta: escolha um dos gols que Zico fez graças à sua arte singular de chutar bola parada.
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Chutar a bola de falta à entrada da área é um talento que Deus lhe deu mas não de mão beijada, como imaginam os desavisados. Zico trabalhou seriamente, anos e anos, para alcançar a perfeição dos efeitos sublimes. À tardinha, quando terminava o treino, ele costumava ficar sozinho no campo do Flamengo - ele, uma barreira artificial, uma bola e uma camisa caprichosamente pendurada no canto superior das traves. A camisa era o alvo.
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Zico passava horas sem fim, chutando rente à barreira e derrubando a camisa lá de cima das traves.
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Chegava o domingo, na cobrança da falta, a bola já estava cansada de saber onde ela tinha que entrar.
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Não tenho dúvida em dizer que tardará muito até que apareça alguém que domine como Zico o dom de cobrar falta ali da meia-lua.
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Celebremos, querido torcedor, a última noite do maior artilheiro da história do Maracanã. Será uma despedida de apertar o coração. Se te der vontade de chorar, chora. Chora sem procurar esconder a pureza da tua emoção. Basta uma lágrima de amor para imortalizar o futebol de um supercraque.
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Cantemos, Maracanã, teu filho ilustre, relembrando em comunhão os dribles mais vistosos, os passes mais ditosos, os gols mais luminosos desse fidalgo dos estádios que tem uma vida cheia de multidões.
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Louvemos o poeta Zico que jogava futebol como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés.

Armando Nogueira

Saudações Rubro Negras

terça-feira, 16 de março de 2010

Manto Sagrado



Galera do mais querido, antes de entrar em qualquer assunto rubro-negrístico, quero pedir desculpas aos leitores do Papagaio de Vintém pela minha ausência nestes últimos dias. Ela ocorreu pelo fato de eu estar muito atarefado com certos assuntos e de acabar não tendo o tempo necessário para escrever aqui no Blog. Mas estou de volta. Então vamos ao que interessa. Passada toda essa dor de cabeça Imperial que tomou conta das mentes Rubro-Negras a um tempinho atrás com uma série de fatos indesejáveis ligados ao ataque fuderoso do Flamengo, finalmente provamos a todos que nada nem ninguém podem jogar água no chopp do Mengão. Depois de toda essa confusão vivida nestes últimos dias, quem diria que ganharíamos três partidas seguidas dando um show de Futebol? Resposta: Eu, e todos os Flamengos de coração! Todos nós sabemos do que esse manto sagrado é capaz. Com o passar dos anos, já tivemos muitas provas de que a camisa do Flamengo joga sozinha, e na quarta feira que se passou tivemos mais uma prova do potencial deste manto sagrado. Jogando fora e com um jogador a menos, o Flamengo não se intimidou com os problemas da partida e conseguiu uma vitória heróica sobre o Caracas por 3 a 1. Ai você me pergunta: Sorte? Competência? E eu te respondo: Não, Magia!!! Como disse o autor do ultimo gol desta partida, o lateral Rodrigo Alvim: "A camisa Rubro-Negra guarda uma magia, que mesmo quando estamos com um jogador a menos, ela se multiplica". Na verdade, a camisa do Flamengo deveria ser proibida de entrar em um estádio de futebol. Verdade seja dita, é uma injustiça com os nossos adversários. Como isso nunca irá acontecer, graças a Deus, o que nos resta é continuar escrevendo a nossa história de glórias deste clube com o manto sagrado no peito.

"Para qualquer um a camisa vale tanto como uma gravata. Não para o Flamengo. Para o rubro-negro a camisa é tudo! Já tem acontecido várias vezes o seguinte: quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas, tremem, então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Nelson Rodrigues

Saudações Rubro Negras